Paradela. Ãhn??

Na noite de sexta-feira, ArtuR perdeu a inocência. ArtuR foi ao Mocho.

Antes de mais, algumas palavras breves sobre o Mocho:
-Consegue transportar 39 cachorros em cada braço.
-Faz o mesmo truque com moedas há mais de 14 anos.
-Uma vez o Mocho mudou o molho dos cachorros. Não há sobreviventes.
-Se pedirem, ele mete-vos cebola no cachorro.



Dado isto e a noite fraca que se encontrava no Bar –apenas uma festa de aniversário com cerca de 50 pessoas- ArtuR e os seus companheiros de viagem da ocasião decidem rumar até Paradela.

Paulo lá ofereceu a boleia. Não devemos esquecer que o jipe do ArtuR gasta 18 litros aos 100, qual músculo americano. À frente ia o então chaffeur, no pendura a Aninhas, atrás o Liandero, o ArtuR e o Luís. Escusado será dizer que os 3 iam-se empurrando, apenas com os ombros quando o carro galgava uma curva. Ora prá esquerda, todos para cima do Luís, Ora prá direita, todos para cima do Liandero. ArtuR só se ria. No meio, tanto esborrachava como era ensanduichado.

Ao chegar ao centro da pacata Paradela, Luís ia a meio daquela estória: “…e a claque urra frenética “ passa ao Tiraço! Passa ao Tiraço!!”. Eu fiz a bola rolar para os pés do nosso salvador, ele não rematou logo, deixou a bola parar e com estilo de exímio execut…”
-“CHEGÁMOS!” - berrou a única voz feminina no automóvel



Assim que a porta do Mocho é aberta ArtuR é invadido por um sentimento maravilhoso de paz. Uma acalmia que só existe nos rios à noite, mas na sua consciência de comerciante a curiosidade foi o ponto de partida para uma turbulência inquietante.

O Mocho passava com cachorros nos braços, refrigerantes na testa, guardanapos na boca e panikes nos bolsos. Luís atiçava ArtuR “já viste o dinheiro que este gajo deve fazer? É sempre a dar-lhe, zimga zinga zinga, bota 10 cachorros, zinga zinga zinga, bota 7 colas, zinga zinga zinga, 2 panikes de chocolate, zinga, outro de carna, zinga, um pastel, zinga zinga zinga!”

E Liandero ainda a pôr mais gasolina na chama de ArtuR “ e olha que este gajo tá aberto todos os dias. Ao domingo vens cá, às 2, 3, 4, 5 da manhã e ele sempre a despachar pessoal!”

Ao que ArtuR levanta a cabeça e como se tivesse encontrado um baú de ouro no meio da mais sangrenta guerra, responde:


- “Ele também não tem máquina de finos!”